Fazia alguns anos que eu havia pesquisado sobre o Sri Lanka. Uma pequena ilha localizada no Sul da Ásia, no Oceano Índico. Quanto mais eu lia e pesquisava, mais ele me chamava. Estranhei que muitas das informações que eu obtinha, eram de turistas europeus, pouquíssimos brasileiros escrevendo e falando sobre o local. O que me chamou mais atenção e me deu mais vontade de conhecer. E como sempre, Filipe estava pronto para encarar a aventura junto comigo. Com tudo o que vinha acontecendo no país, guerra civil, atentados, pandemia, depois uma crise política grave, os planos tiveram que ser prorrogados, até o ano passado. Jus ao nome.
Enfim, chegou o dia de pousar nessa ilha tão diversa em etnia, religião, beleza natural exuberante, culinária e religião. Não à toa significa “Ilha Resplandecente”, em sânscrito. Faz jus ao nome.

Etnias e religiões


As principais religiões praticadas no Sri Lanka são o budismo, o hinduísmo, o islamismo e o cristianismo.  São diferentes grupos étnicos, sendo a maioria cingaleses e tâmeis. Há também comunidades menores de mouros e malaios. E a língua oficial é o cingalês e o tâmil. 

Sigiriya: história, cultura e muita aventura


Chegamos de madrugada na ilha, e fiquei impressionada com a quantidade de voos e turistas, na sua grande maioria europeus.  Nossa viagem realmente iniciou no dia seguinte, quando nosso querido motorista Gokula nos buscou no hotel rumo a famosa região de Dambulla, onde visitaríamos a grandiosa Sigiriya, antiga fortaleza rochosa, uma das atrações mais importantes para o turismo do país, e também o templo budista


mais antigo do Sri Lanka.  Dormir, nem pensar… Acredito que mais do que a “atração principal” de uma região, seja o percurso que você faz até lá. Uma herança que trago do meu querido pai, que não me deixava dormir em nenhum momento das viagens, para que eu absorvesse tudo. Na época eu achava chato, hoje entendo, agradeço, e não deixo o Filipe dormir (risos).

Templo de Dambulla


O Templo Dourado de Dambulla ou Templo das Cavernas, é composto por cinco cavernas que foram transformadas em Templos Budistas, lá se encontra uma coleção de estátuas de Buda, pinturas, murais e esculturas religiosas. O templo é Patrimônio Histórico da UNESCO desde 1991. Um dos templos mais lindos que já visitei. Vale ir sem pressa, caminhar, sentar-se e contemplar. E assim seguimos, observando as pessoas com suas diferentes vestimentas, grandes monumentos de Buda pelo caminho, muitos tuk tuks pelas ruas, estradas sinuosas, vegetação linda, vales, montanhas e cachoeiras. Entre nuvens, vento e o brilho do sol Sigiriya fica no meio da selva, parece que você está em um filme.


Seguimos caminhando até ver a gigante rocha, com seu formato peculiar, se sobressaindo em meio a uma vasta vegetação sem fim. Linda, foi aparecendo entre nuvens e vento, até brilhou majestosamente com o sol.  Para chegarmos até onde foi reino de fato, temos que subir alguns bons degraus grudados à rocha. Como Filipe é destemido, foi na frente. Eu tenho meu tempo e apesar de estar acostumada com esse tipo de aventura, tenho medo de altura. E como o clima do país é muito úmido, dificulta a subida. Mas nada impossível e difícil. Chegando lá, você pode caminhar, sentar-se, contemplar e entender mais da história do local.  

Chá: herança dos ingleses


Partindo de Sigiriya, fomos em direção a cidade de Kandy. No meio do caminho passamos por uma plantação de chá para conhecer o processo e experimentar o famoso chá do Sri Lanka. O país foi colonizado por Ingleses, então possuem essa tradição. Está entre os maiores exportadores de chá do mundo. E realmente é diferenciado, uma delícia.

Kandy


Kandy é a segunda maior cidade do Sri Lanka, histórica e cultural. É lá que se encontra o Templo do Dente Sagrado, que abriga a relíquia do dente de buda, atraindo peregrinos e turistas de todo o mundo. Como não se pode ver essa relíquia, para mim ficou a impressão de apenas ter conhecido mais um templo comum, apesar da sua importância. A cidade é rodeada por vegetação, é bem planejada e possui um lago bonito, com uma orla que você pode caminhar e apreciar o dia. Nós pegamos muita chuva na nossa passagem por lá, então não conseguimos fazer muita coisa.

Próxima parada: Nuwara Eliya


Nuwara é uma pequena cidade pitoresca que fica na região da serra do país, úmida, fria e charmosa. Muitos querem conhecer esse pedacinho da Ásia com a cara da Inglaterra. Não é à toa que a chamam de Little England. Nuwara desempenha um papel importante para o país, pois é nessa região onde se encontram as plantações de chá para exportação. Possui um grande lago chamado Lake Gregory onde se pode desfrutar de passeios de barco e lancha. 

Kandy – Ella Train


De Nuwara decidimos fazer o famoso passeio de trem. O trem liga muitas partes do país, mas a rota Kandy – Ella é a mais cobiçada pelos turistas pelas belas paisagens. Nós optamos por sair de Nuwara em direção à Ella, pois o percurso é mais rápido. Existem 3 classes no trem, a primeira que tem ar-condicionado e poltronas acolchoadas, a segunda e a terceira que são iguais, sem ar-condicionado e os bancos normais sem reclinar. Existe a opção de ir em pé pagando mais barato.

Descontração


O legal desse passeio, é se conectar com diferentes pessoas e culturas, andar pelos vagões, ficar quase solto para fora do trem, aproveitar o percurso com o vento no rosto e tirar fotos divertidas. Portanto, minha dica é, vá na segunda ou terceira classe, pois a primeira é mais fechada. Não se preocupe com o número da sua poltrona. Eu e Filipe compramos para irmos juntos, nos colocaram separados e em outro vagão, ou seja, ninguém respeita essas questões e está tudo certo, porque todo mundo se entende e cada um se senta onde quiser. 

Rumo às praias


Chegando em Ella, você se depara com um lugar muito descolado, cheio de jovens aventureiros, famílias, casais, um lugar vibrante e mais boêmio. Infelizmente, só almoçamos em Ella, e partimos para o litoral rumo às praias de Mirissa, Província de Matara.

Gargalhadas a bordo do Tuk Tuk


Depois de 4 horas de viagem de carro, chegamos no nosso último destino, onde ficamos por três dias aproveitando às belas praias do Oceano Índico.  Mirissa possui praias de águas quentes e cristalinas, atraindo uma gama de turistas que procuram relaxar, surfar e mergulhar. Lá também se pode ver baleias e golfinhos. A cidade possui uma energia única, combinando a calma do dia com a vida noturna bem agitada. Alugamos um Tuk Tuk e conhecemos os arredores. Rimos muito até o Filipe pegar o jeito com o Tuk Tuk, valeu cada segundo. Além de ser um veículo diferente para nós, a mão é inglesa, ou seja, atenção em dobro! Foram muitos solavancos até nos acostumarmos. Vale a pena alugar, no mínimo vocês darão muita risada.

Muito ainda a conhecer…


Quem tiver mais tempo, pode ainda ver muito mais do que o país tem a oferecer. Como safaris, Parque Nacional Yala, Udawalawe, outras praias como Galle, além de trekkings e cachoeiras. Não posso deixar de dizer que ainda falta muita estrutura para receber turistas, acredito que seja pelas sucessões de crises enfrentadas ao longo desses anos.  Porém, o povo é adorável, sempre querendo fazer o seu melhor e nos agradar.

Até mais Sri Lanka!